Matheus Fonseca e Victória Farias (*)
Na última semana recebemos a notícia que a UFRGS é a melhor universidade federal do país. Certamente isso é resultado do trabalho conjunto entre os quatro segmentos da universidade: discentes, técnicos administrativos em educação, docentes e trabalhadoras e trabalhadores terceirizados. Nesse caso, sustentado muitas vezes pelo trabalho mal remunerado dos discentes da nossa universidade.
Estudantes, que muitas vezes recebem a bolsa de R$700, garantem o funcionamento de projetos de pesquisa e extensão, além de conciliar a carga horária com suas disciplinas e estágios, enfrentando grande parte do seu tempo dentro do transporte público precário de Porto Alegre e Região Metropolitana.
Essa excelência, tratada em rankings e pesquisas, certamente é fruto da construção coletiva da UFRGS, sustentada muitas vezes, sem o devido apoio da reitoria e também pelos baixos investimentos em âmbito nacional, que sofre com a limitação de investimento, respaldado pelo Arcabouço Fiscal.
Resistimos. E além de resistirmos, garantimos a produção científica desse país. E não merecemos que nosso voto tenha o mesmo peso do que um professor? Além disso, um Técnico Administrativo em Educação, que atualmente está na linha de frente em uma forte greve por reposição orçamentária e reajuste salarial, não merece ter seu voto equivalente ao de um professor?
Mesmo debatendo o tema da paridade, que garante o mesmo peso para os três segmentos da universidade (33% para docentes, 33% para técnicos administrativos em educação e 33% para discentes) há pelo menos 30 anos, há setores, que inclusive já estiveram na direção da reitoria da UFRGS, que falam que o tema é tratado “às pressas” e que não merece ser tratado na eleição que acontece neste ano, em 2024. E nem em 2020, nem em 2016 e quiçá em 2012.
Ou seja, mais uma eleição se aproxima e aqueles que querem garantir uma eleição que apenas os docentes decidam os rumos da nossa universidade, mais uma vez utilizam de um argumento infundado de que a paridade é tratada às pressas na UFRGS. Técnicos Administrativos em Educação entraram e se aposentaram na universidade sem ter seu voto respeitado.
A maioria do Conselho Universitário decidiu pela paridade e é nosso dever que a UFRGS se junte a universidades, também de excelência, que deram esse passo rumo à construção democrática da educação superior. UFSC, UFPR, UNIFEST, UFBa, UnB, UFSM, UFPel, FURG, já possuem decisões paritárias em suas eleições, garantindo o mínimo de democracia e respeito entre os segmentos.
Pelo cumprimento da Resolução 291, pelo cumprimento da Destituição da Reitoria Interventora, rumo a uma UFRGS mais democrática e que respeite a sua base!
(*) Matheus Fonseca é Coordenador Geral do DCE da UFRGS. Victória Farias é Conselheira Universitária. Ambos são integrantes do Movimento Virada.
Artigo publicado originalmente no Sul21